Você certamente conhece alguém que se coloca em segundo plano, está sempre querendo agradar a todos e tem dificuldade em dizer não. A Síndrome da Boazinha é mais comum do que imaginamos e acomete, principalmente, mulheres.
O termo, embora não seja tão popular, é utilizado para referenciar aquelas pessoas que têm dificuldade para estabelecer limites, colocam as opiniões e desejos de outros antes dos seus e sofrem com a necessidade de agradar e dizer sim para os outros – ainda que, no fundo, queiram dizer “não” –, a fim de evitar conflitos a todo custo.
O problema é que as pessoas que sofrem com essa condição pagam um preço alto. Além de perderem sua autenticidade, os pacientes sofrem com desgaste físico, mental e emocional devido ao acúmulo de compromissos.
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Sinais da Síndrome da Boazinha
Desde muito cedo somos ensinados que precisamos agradar àqueles que estão à nossa volta. A criança é obrigada, por exemplo, a cumprimentar, beijar e abraçar as pessoas apenas porque alguém disse que era o certo; a mesmo coisa vale para conversas, passeios e tarefas, que são impostos muitas vezes para agradar os outros.
Educação, lealdade e obediência são importantes. Contudo, muitas vezes, a imagem de “criança boazinha” e a busca constante por um comportamento “exemplar”, nos colocam em uma realidade paralela.
Isso acontece especialmente quando há algum trauma na infância ou quando o bom comportamento é recompensado. O resultado na vida adulta é que a pessoa tende a querer “comprar” o amor do outro por meio das suas atitudes, para evitar a rejeição e o abandono.
Deixar suas vontades e necessidades de lado, embora pareça inofensivo, faz com que as pessoas esqueçam os seus objetivos e se sintam frustradas por achar que não fez o suficiente. Identificar os sintomas logo no início é importante para evitar que o problema atinja outras frentes da vida.
Como a Síndrome da Boazinha atrapalha o desempenho da mulher?
A generosidade é um dom, mas nem sempre é saudável. A Síndrome da Boazinha vem, justamente, para corroborar esta tese – e reforçar a importância dos limites.
Pessoas que sofrem com a condição buscam, a todo momento, agradar os outros, sem se preocupar com o próprio bem-estar. A consequência é que elas acabam negligenciando a sua individualidade, felicidade, vontades e necessidades. E isso acontece especialmente com mulheres, em diversos âmbitos, podendo afetar a vida pessoal, social, amorosa e profissional.
Vida pessoal
Toda mulher já deve ter ouvido que é “capaz de dar conta de tudo”. A crença limitante, no entanto, gera sofrimento e ansiedade.
A dificuldade em estabelecer limites e dizer não para os outros faz com que os sentimentos sejam reprimidos, aumentando o desgaste físico, mental e emocional. A sobrecarga faz com que as mulheres se desconectem da sua identidade, desencadeando sentimentos de vazio e falta de realização pessoal.
O corpo também sofre, já que o problema pode evoluir para dores crônicas, doenças, transtornos psiquiátricos e compulsões.
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Vida social
Pessoas que sofrem com a Síndrome da Boazinha geralmente possuem uma autoestima baixa e um medo de rejeição e abandono grande. Mas, o acúmulo de compromissos e tarefas, a omissão, a necessidade constante de aprovação e a dificuldade em fazer críticas trazem consequências também para o âmbito social.
Afinal, a tendência é que, ao colocar as necessidades do outro acima das suas, as pessoas vivenciam relacionamentos desiguais e cheios de desconfiança e ressentimentos. A síndrome pode alimentar também padrões de comportamento prejudiciais, perpetuando dinâmicas de codependência, comprometendo o desenvolvimento saudável das relações interpessoais e da comunidade como um todo.
Vida amorosa
Os relacionamentos amorosos são um desafio para as pacientes que sofrem com a Síndrome da Boazinha. Isso porque, as relações são baseadas no respeito mútuo e no equilíbrio, o que se torna muito mais difícil quando as pessoas não têm capacidade de se expressar e impor limites.
A falta de assertividade, por exemplo, pode dificultar a comunicação eficaz e a resolução de conflitos saudáveis, enquanto a priorização das necessidades e desejos do parceiro em detrimento dos seus próprios pode resultar em um desequilíbrio de poder na relação, com uma pessoa exercendo controle sobre o outra.
Na prática, a síndrome tende a fazer com que os relacionamentos se tornem insatisfatórios e até mesmo tóxicos, especialmente quando há um medo de rejeição grande.
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Vida profissional
Uma das características mais presentes nas pessoas que sofrem da Síndrome da Boazinha é a dificuldade em estabelecer limites e dizer não às demandas dos outros. No campo profissional, isso se torna um problema, porque dizer não é uma habilidade social importante e valorizada pelas empresas.
Ninguém quer um profissional que esteja sobrecarregado ou não consiga realizar as tarefas com maestria, porque não soube estabelecer limites e nem se expressar de forma clara e assertiva.
A longo prazo, isso se torna um problema maior, porque ao negligenciar as próprias necessidades e interesses, a pessoa esquece seus objetivos e se sente insatisfeita, angustiada e frustrada.
Síndrome da Boazinha: tratamentos e alternativas
Estabelecer limites é importante para que possamos ouvir a nossa própria voz interior. Tratar os sintomas da Síndrome da Boazinha também. A terapia é a grande aliada de quem sofre com a condição, uma vez que permite que a pessoa entenda a origem do problema e aceite que não há nada de errado em não agradar o tempo todo.
Durante o tratamento, a paciente tem a oportunidade de explorar os padrões de pensamento e comportamento prejudiciais, além de trabalhar estratégias para fortalecer a assertividade e a autoestima. O profissional capacitado também auxilia a paciente na definição de limites saudáveis e no reconhecimento de suas próprias necessidades, permitindo que ela consiga expressar seus sentimentos e desejos de maneira eficaz.
Adicionalmente, a terapia proporciona um ambiente seguro para explorar questões emocionais, facilitando o crescimento pessoal e a construção de relacionamentos mais equilibrados e gratificantes.
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