Quando se fala em cuidados paliativos, uma das primeiras coisas que vem a mente sobre esse conceito é a de um caso de doença terminal, quando não há mais nada a se fazer nesse caso.
Geralmente pensamos que quem entra em cuidados paliativos são idosos, pessoas com câncer, sujeitos que realmente já não tem mais expectativa de cura de uma doença. Tais pensamentos estão corretos também, porém muito generalistas se formos olhar o que a prática de cuidados paliativos significa.
Segundo a OMS, os cuidados paliativos na assistência promovida pela equipe de saúde tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida de um paciente e familiares diante de uma situação de doença que oferece risco de vida, através da prevenção e minimização do sofrimento (seja de ordem física, social ou psicológica), além do diagnóstico precoce.
A partir dessa definição, podemos questionar: A quem realmente se destina CPs? Somente àqueles que estão em fase terminal? será que se resume somente a isso?
Recomenda-se que um sujeito, dependendo do caso, entre em CP a partir do momento que recebe o diagnóstico de uma doença que modificará sua vida, sua rotina e dinâmica familiar, a fim de ter maior qualidade de vida nesse processo. Pensando desta forma (e também de acordo com algumas vertentes), o CP também pode ser utilizado em pacientes com uma doença crônica, como por exemplo AIDS e diabetes, e em quadros nos quais não há recursos para curar alguém, e não necessariamente quando está em fase terminal. Em todos os casos deveria visar a promoção de qualidade de vida do paciente e de seus familiares.
De qualquer forma, a notícia de um doença grave pode causar muitos impactos emocionais tanto naquele que está acometido pela doença quanto por aqueles que convivem com o sujeito. Angústias e o medo da morte podem estar presentes, além das demais questões referentes ao seu quadro clínico. Nesse sentido, a atuação do psicólogo na área de cuidados paliativos também é necessária. No atendimento psicológico a pacientes em CP, cabe ao profissional de Psicologia proporcionar apoio na busca de bem estar do sujeito, oferecer escuta e acolhimento, auxiliar no processo de adoecimento de forma que o paciente tenha conforto, qualidade de vida e seus desejos realizados se possível.
Para a Associação Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), paliar é proteger, e proteger envolve cuidar do outro. Portanto, quando se ouve que alguém está em cuidados paliativos, isso não é sinônimo de que se desistiu de tentar, de viver, não deveria estar associado diretamente a uma morte iminente, mas sim a viver com qualidade.
Referências:
ALVES, R. F. et al. Saberes e Práticas sobre Cuidados Paliativos segundo Psicólogos atuantes em Hospitais públicos. Psicologia, Saúde & Doença, 2014, 15 (1), 78-96.
http://paliativo.org.br/oms-mais-de-20-milhoes-precisam-de-cuidadospaliativos-todos-os-anos/
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/cancer/site/tratamento/cuidados_paliativos
http://paliativo.org.br/cuidados-paliativos/o-que-sao/