Psicóloga não fala?

06/06/2018 | Psicoterapia

Muitos pacientes chegam para a primeira sessão de psicoterapia e logo perguntam:

“Você não é daquelas que ficam em silêncio o tempo todo não, né?”

Ao longo da sessão, estando ali inteiramente ouvindo aquele paciente, passo a compreender que o medo verbalizado pelo medo do silêncio é o medo de não ser compreendido e principalmente de se sentir sozinho no processo.

Para Psicanálise o silêncio tem um papel importante quando é frutífero, ou seja, apesar de estar em silêncio tem um trabalho do paciente acontecendo de tentar nomear as suas emoções, organizar suas ideias, levar o seu próprio tempo para então conseguir dizer.

Isso não quer dizer, de maneira nenhuma, que o terapeuta vá ficar em silêncio para sempre e que não saiba o que está fazendo. Todo trabalho do psicoterapeuta deve estar teoricamente embasado, inclusive o silêncio.

A técnica, já dizia Freud, tem uma elasticidade. Isso quer dizer que amparados pela técnica cada psicoterapeuta tem um manejo, um “jeito” de fazer clínica. Uns falam mais e outros falam menos. Porque somos pessoas, como nossos pacientes e temos nossas formas de se expressar e relacionar.

Não curtiu o jeito da psicóloga? Discuta isso com ela se sentir a vontade. Terapia é vínculo e honestidade. Apenas não desista da terapia e de você porque não se identificou com o primeiro profissional que visitou.

Tem tempo para tudo na terapia: tempo de falar e de silenciar.

“O verdadeiro rei da palavra
Valoriza o som
Fala como quem já compreendeu
Que o silêncio é bom”.

Música: O Rei da Palavra

Intérprete: Leandro Leo

Fernanda Brito

Fernanda Brito

Idealizadora e supervisora clínica da Desenvolviver, com especialização em Psicanálise Clínica e forte experiência em psicologia escolar e RH. Também promove palestras em empresas e eventos pelo Brasil, falando sobre temas como ansiedade, depressão, conflitos familiares, estresse pós-traumático, bullying, entre outros.

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