Mais do que um vazio físico, a figura de um pai ausente pode causar transtornos e traumas emocionais em diferentes níveis, gerando, inclusive, conflitos no desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança. Afinal, os filhos são o reflexo dos pais – e do que aprendem dentro de casa, principalmente na primeira infância.
Dados dos cartórios de Registro Civil do Brasil mostram que nos primeiros meses de 2022, 100.717 crianças foram registradas sem o nome do pai. Isso significa que cerca de 6,5% do total de recém-nascidos no país têm apenas o nome da mãe na certidão de nascimento.
Mas engana-se quem acredita que pais ausentes são apenas aqueles que não registraram, que abandonaram ou que faleceram. Eles são, também, e, principalmente, aqueles que não conseguem se conectar afetiva e emocionalmente com seus filhos e, consequentemente, não contribuem quase nada ou de forma alguma com a formação e educação.
A relação inexistente – ou sem reciprocidade – pode parecer distante, mas faz parte da realidade de milhares de crianças. Inclusive daquelas que dividem ou não o mesmo teto com os pais.
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O que é um pai ausente?
Hoje em dia existem diversas configurações de família, mas o abandono afetivo paterno é algo que remonta de décadas passadas. Acontece que nem sempre enxergamos essa ausência como um problema – muitas vezes, inclusive, ela era socialmente aceita.
Motivos para isso, aliás, não faltam: até algum tempo atrás o homem tinha o papel de sustentar a família e passava muito tempo fora trabalhando. Atrelado a isso, a sociedade era muito mais machista do que é atualmente.
Com o passar dos anos e da mudança de mindset, as consequências de um pai ausente se tornaram cada vez mais evidentes – e a cobrança em relação ao abandono afetivo também. Isso não significa que o número de famílias que sofrem com o problema diminuiu. Pelo contrário.
O problema é ainda maior quando pensamos que esse abandono afetivo paterno reflete diretamente no desenvolvimento das crianças. Afinal, esse tipo de pai não tem disposição para criar espaços para compartilhar com as crianças e é ineficaz quando precisa fazer um elogio ou estabelecer limites, o que faz com que ele não seja um modelo positivo para seus filhos.
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Problemas relacionados ao abandono afetivo paterno
Quando falamos em pai ausente é comum imaginarmos uma situação em que a criança não tem contato algum com o pai ou não o conhece por qualquer que seja o motivo. Mas o cenário nem sempre é esse.
Não são raros os casos em que os pais pagam por roupas, cursos e escola, oferecem todos os brinquedos que a criança pede e contribuem financeiramente para os medicamentos, mas não conseguem criar um vínculo ou não tem interesse no filho.
E se por um lado a maternidade ou paternidade responsável e positiva é essencial para que as crianças possam crescer saudáveis e confiantes, do outro a ausência dessa figura pode desenvolver traumas e feridas.
Da baixa autoestima ao comprometimento da saúde física, passando pelo medo excessivo, baixo rendimento escolar, puberdade precoce e dificuldade de relacionamento e confiança, os traumas relacionados à essa ausência são muitos.
E embora ninguém tenha responsabilidade pelas escolhas dos outros, é normal que crianças e adolescentes se sintam culpados e fiquem remoendo a situação. É um ciclo vicioso, que pode afetar a forma como os pequenos se relacionam com o mundo e lidam com as regras, por exemplo.
Não dá para negar que a presença ativa e constante do pai na vida de uma pessoa é essencial para que ela, desde criança, se sinta mais segura e pertencente. Mas nem sempre isso é possível.
Por isso, é importante buscar apoio psicológico para que as crianças e adolescentes entendam a origem do problema, aceitem e consigam conviver bem com a figura do pai ausente. Tentar enxergar a situação com outros olhos pode ser crucial para garantir um crescimento mais saudável.
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